O tempo

                Já parou para pensar sobre o que é o tempo? A gente vive falando que ele é veloz, que a gente tem falta de tempo... mas afinal, o que é o tempo? Se alguém pergunta as horas, os dias da semana, os meses, os anos e blá blá blá, a gente tem a resposta na ponta da língua, mas se alguém pergunta uma definição sobre o tempo, você sabe a resposta? Eu acho que não... enxergamos o tempo como uma sucessão de “pedaços” iguais, onde vamos dividindo e dividindo para explicar algo (séculos, décadas, anos, dias, horas...). Acho que o tempo é uma criação humana... nunca vi animal algum preocupado com o tempo, ele simplesmente vive! Os animais tem seu relógio biológico que “avisa” a hora de fazer algo, mas eles não se preocupam com o tempo, simplesmente vivem e fazem aquilo que tem que fazer... já parou para pensar que manipulamos o tempo conforme nossas necessidades e prioridades? Dizer que o tempo está veloz não é uma autodesculpa para deixarmos de lado algumas coisas e priorizar outras?

                Falamos em passado, presente e futuro (que são “indicações de tempo”), mas já pensou que o único “tempo” palpável é o presente? Só se vive o presente! O passado “não existe” (criamos memórias dele no presente), o futuro “não existe” (criamos projeções dele no presente), o presente é o presente e ponto! Cada um tem seu tempo, seu ritmo biológico. Se pensarmos na agricultura, havia um tempo certo para plantar e colher, hoje “manipulamos” este tempo, todo dia é hora de plantar e colher. Mas reparou que apesar de falar em “tempo” com frequência, ele não mudou? Nós o mudamos! Acredito que hoje falamos que o tempo passa rápido, pois as informações que enviamos e recebemos estão mais rápidas, mas o tempo está lá, quietinho, passando como sempre fez. Antigamente nos comunicávamos por cartas, hoje há a mensagem instantânea na ponta dos dedos... acontece algo em outro país, em questão de segundos nós ficamos sabendo... as informações estão rápidas, o tempo está no “tempo” dele... Hoje temos acesso à informações que antes não tínhamos, mas criamos uma ansiedade tão grande que nos leva à necessidade de resposta rápida (redes sociais, e-mails, telefones), e quando não respondemos, dizem que há algo errado, ficamos desorientados e em alguns casos perdemos a identidade...

                Vivemos de aparências e deixamos de viver a vida de fato! pessoas dão importância à “curtidas” de amigos virtuais, passam horas e horas num celular, mas quando um amigo ou parente diz que “seria legal um encontro”, você simplesmente diz “estou sem tempo”, sério? De acordo com um levantamento (li em algum lugar), o brasileiro fica me média 9h14min conectado! Gente!! Se parar para pensar dá para fazer uma viagem para outro estado e voltar... Tô sem tempo??Ahamm...

                As memórias nos tornam humanos, a tecnologia nos torna “robôs” produtores de falsa felicidade... Estamos na era digital, estamos conectados, recebendo e enviando informações em segundos, mas não estamos criando memórias!! Estamos deixando de ser HUMANOS. Uma hora vamos virar máquinas e esquecermos da essência de tudo que nos rege, a vida! Me atrevo a dizer que o tempo é vida! Tentamos manipular o tempo e deixamos de viver. Como isso? Seu despertador, por exemplo... você programa ele para acordar, para tomar um remédio, para ir à academia... está “manipulando” o tempo. Infelizmente nós estamos vivendo com dependência dessa tecnologia. As crianças de hoje estão virando “robôs”, fazem tudo no automático, vão à escola e aprendem algo, tiram nota, passam de ano, mas não sabem aplicar no dia a dia. Por exemplo, você aprende na escola que as abelhas fazem polinização, (legal! Jóia!), mas quando vê uma matéria falando que se elas morrerem TODOS morremos, ainda diz “quem se preocupa com as abelhas?”. Quem somos??? O que estamos nos tornando?????? A vida é o “inicio do tempo”, a morte o final. Ser mortal é ser humano! Saber que tem um final, faz com que a gente “viva como se fosse o ultimo dia”, e isso é viver o presente! O tempo presente! pois viver com intensidade é o que realmente importa!